Vago por essa casa procurando respostas perdidas a quatro
anos atrás. Não aqui, num universo particular que já nem tenho acesso e mesmo
assim, elas se tornam tão urgentes que já não consigo mais respirar.
Procurar alguém que não existe em todos os rostos e corpos
perdidos por ai deixa de ser a solução de um drama insolúvel que vive em mim.
As feridas tornam a sangrar todas as vezes que me sinto
extremamente infeliz por não poder ter feito todos esses corações felizes.
A chuva caída lá fora só me traz impotência. Impotência por
não poder sair por ai revivendo tudo e dizer “aqui, agora... volta, pelo amor
de Deus”.
Não que eu tenha poder suficiente de parar a vida de alguém
para me fazer feliz; não que eu queira reinventar jeitos tortos para sorrir.
É que, e todo mundo sempre me disse, a solidão assusta. E eu,
crente em mim, não dei ouvidos à alarmes que gritavam.
Perceber isso sozinha é, e assim deve ser meu carma. Percorrer
sozinha caminhos que seriam tão mais confortáveis se houvesse alguém para quem
eu pudesse dar as mãos.
Roubar bilhetes por ai, só me torna uma 171 dos corações.
Infame.
É como uma vertigem que não se cansa de me atordoar quando o
que eu mais preciso é a terra firme aos meus pés.
Ter um sorriso perdido em fotos escondidas, gastas se torna
suficiente num momento de pânico.
A pergunta que sempre vem à tona “Por que é mesmo que joguei
tudo para o alto?” quando se torna tudo escuro e frio é quase que reviver toda
a dor que causei não só em mim.
Peço perdão silenciosamente por saber exatamente o que
aconteceu depois e o que vai acontecer se eu embarcar mais uma vez em algum
navio de destino desconhecido.
As noites perdidas, como se veladas, não importa quem e
muito menos onde se mostram tão desconexas quanto vazias.
Um porre; um cigarro; um torpor e a sensação do dia seguinte
sempre a mesma: tudo ou nada.
Assumi responsabilidades antes de uma hora que talvez nunca
precisasse chegar.
Fiz promessas vazias.
Devo pedir perdão, não silencioso desta vez, a todos. E não
a mim.
As feridas causadas em mim eram apenas conseqüência de não
poder mais sorrir. E não importa mais quem estava lá para estancar meu sangue.
A certeza que o certo nem sempre é o mais confortável e que
o confortável é que o trará piores conseqüências num futuro muito, muito próximo.
Horas iguais e a esperança, inconsciente, que há alguém
pensando em mim e a dor aperta cada vez mais meu peito num desconsolo interminável.